O que é droga? Perguntou um jovem ao
pai, célebre toxicólogo. Este respondeu: — Meu filho, droga é uma substância
que injetada em um rato, produz uma pesquisa. Se fosse um economista inteirado,
talvez respondesse: — O grande negócio hodierno da lei da oferta e da procura.
Se fosse um político ilustrado, poderia responder: — Uma soberba forma de poder
dos últimos anos. Quiçá tais respostas possam ilustrar o real significado do
que seja droga na atualidade. Contudo, na perspectiva da criminologia, temos
dito e repetido a cada dia com mais ênfase: as drogas são, hoje, o problema
central da segurança — seja segurança pública, seja segurança de Estado.
Em países da América Latina, o tema
assume proporção absolutamente crítica, a ponto do abalizado consultor de
segurança americano Douglas Farah afirmar, em uma entrevista recente à revista
Veja: “Os criminosos foram convidados pelos governantes ditos ‘bolivarianos’,
liderados pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, para compartilhar o poder político.
Assim, conquistaram uma força inédita na região… cuja fachada (entre esses
governos) é a afinidade ideológica”.
Certamente, tais constatações são
muito graves, mas quando somadas a outros dados se tornam sobremodo
assustadoras: o Brasil é hoje o maior mercado consumidor de crack e o segundo
maior de cocaína do mundo (dados da ONU). Além disso, temos como certa a
vinculação visceral entre o crescimento do consumo de drogas e o aumento da
criminalidade, potencializada por outra comprovação correlata: o Brasil é o
quarto País mais desigual da América Latina, com 28% da população vivendo em
favelas, atrás apenas da Guatemala, Honduras e Colômbia (ONU).
Assim, um problema de saúde pública
se transformou em um problema explosivo de segurança pública, que não reconhece
fronteiras, surgindo em face dele novos contornos, com novos adjetivos
entrelaçados: o narcoterrorismo, a narcosubversão e os narcovizinhos, estes
últimos numa alusão a narco-Estados que se aliam a narcotraficantes em troca de
apoio e manutenção do poder central. E onde há narcotráfico, há lavagem de
dinheiro, há tráfico de seres humanos, há prostituição, há corrupção, há
pistolagem… Não há um único caso no mundo em que o crescimento do consumo de
drogas não tenha sido acompanhado do aumento da criminalidade violenta.
No Brasil, investe-se pouco e mal na
repressão, quase nada no tratamento e nada na prevenção às drogas; os
delinquentes pobres foram eleitos o inimigo público número um e o adolescente
pobre das periferias, cada vez mais satanizado, vende cada vez mais droga a
outros adolescentes mais bem nascidos. Dizer “a droga” é hoje como era dizer
ontem “a peste”: o mesmo pavor, a mesma impotência!
Com efeito, a problemática das drogas
obriga-nos, gestores de segurança, de saúde, de educação e de cidadania,
principalmente, a compreender todas as suas complexidades como políticas
integrais e integradas de Estado; e, por fim, a dar razão ao editorial do
POPULAR (Salvar do crack,10/9), quando expõe com peculiar lucidez a tragédia:
“A dependência às drogas em Goiás atingiu dimensões assustadoras e se tornou
uma tragédia, afetando a vida de milhares de famílias, pois as vítimas desse
drama não são apenas os dependentes. Há uma missão desafiadora para todos, que
exige não apenas a intensificação do combate ao tráfico de drogas, mas também a
missão de resgatar os dependentes para a reintegração social”.
Autor: EDEMUNDO DIAS DE OLIVEIRA FILHO
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