sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Teoria das ‘janelas quebradas’ ajuda a reduzir o crime

A expressão “janelas quebradas” refere-se a uma observação feita no início da década de 1980 por Kelling, um criminologista, e James Wilson, um cientista social, do efeito psicológico de uma janela quebrada em um prédio, que ninguém conserta. Logo depois o resto das janelas também quebra, porque uma janela quebrada por muito tempo é um sinal de desleixo e, portanto, incita o vandalismo de quebrar mais janelas. Em uma análise mais profunda, eles disseram que os ambientes onde os comportamentos transgressivos não são punidos, onde as prostitutas fazem seu trabalho sem serem importunadas, ou os mendigos abordam as pessoas nas ruas, a tendência é de estímulo à criminalidade.
Essa teoria baseia-se em uma série de experiências aleatórias. Pesquisadores da Universidade de Groningen na Holanda, por exemplo, descobriram que as pessoas têm duas vezes mais chances de roubar um envelope cheio de dinheiro se ele estiver preso em uma caixa de correio coberta de grafites. No que se refere à aplicação da lei, dizem Kelling e Wilson, isso significa que quando os policiais impõem ordem nas ruas e punem mesmo pequenos delitos com uma advertência ou prisão, as pessoas têm um comportamento melhor.
Quando a teoria das “janelas quebradas” foi divulgada pela primeira vez, a criminalidade urbana era um problema incontrolável nos Estados Unidos e no mundo. Mas nos últimos vinte anos a taxa de criminalidade teve uma redução extraordinária. Essa diminuição foi ainda mais acentuada na cidade de Nova York, onde o índice de homicídios caiu de 26,5% por 100 mil pessoas em 1993 para 3,3% por 100 mil em 2013, uma taxa inferior à média do país. A teoria das “janelas quebradas” aplicada à lei sem dúvida ajudou a reduzir o crime.

No entanto, também tem provocado sérias críticas, nas quais alguns dizem que aumenta os conflitos entre a polícia e os cidadãos, sobretudo, em áreas de população de baixa renda e de minorias. Essas áreas tendem a ser mais vigiadas pela polícia, às vezes com exagero, em parte por causa da maior incidência de crimes. Apesar de os negros e hispânicos representarem 53% da população de Nova York em 2013, eles foram 83% das vítimas de assassinato. Mas há também sinais de discriminação racial. As evidências de que as prisões por drogas impõem custos desproporcionais às pessoas de baixa renda e às minorias, por exemplo, incentivou o NYPD a diminuir o controle do uso e posse da maconha em novembro. Porém, mesmo com todas as reclamações sobre a aplicação desigual da lei e o preconceito racial, a maioria dos moradores de Nova York, tanto negros quanto brancos, ainda quer que suas janelas sejam consertadas.