terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Poucos enxergam as correntes



Fecho os olhos e imagino o recém-nascido elefante preso por correntes a uma estaca. O elefante puxa, força e tenta se soltar. Apesar de todo o esforço, não consegue sair. A estaca certamente é muito pesada para ele. O pequeno elefante tenta, tenta, e nada. O atrito com a corrente lhe provoca ferimentos e dores muito fortes. Depois de nove, dez, dezoito, trinta e seis ou quarenta e oito meses, já cansado e muito lesionado, ele aceita o seu destino. Neste momento, está domesticado, a corrente está no subconsciente. Um simples barbante é capaz de causar a submissão desse enorme animal.
Os elefantes são adestrados para servirem aos seus donos, a qualquer hora, a qualquer dia, sem reclamar de nada, sem exigir conforto, alimentação, abrigo e descanso. O animal deve dedicar-se inteiramente ao serviço. Obediência irrestrita, cega. O dono manda, o elefante obedece. Jamais questiona as ordens. Missão dada, missão cumprida.
Já adulto, quando o elefante gesticula seu descontentamento, o dono logo lhe mostra algo parecido com uma corrente; pode ser uma corda ou um simples barbante. O grande animal logo se resigna, pois o autofluxo do pensamento lhe traz recordações dos ferimentos e das dores do adestramento. O elefante aceita seu destino, aceita a prisão.
O elefante não sabe a força que tem. Com mais de cinco toneladas, ele é capaz de arrancar uma árvore, de puxar um caminhão morro acima. Mesmo que não arrebentasse as correntes, poderia com facilidade arrancar a estaca do chão e fugir.
Assim como o elefante, o homem também pode ser adestrado a ser submisso, a ser cegamente obediente, a nada questionar. É só adestrá-lo com correntes, algo que lhe provoque dor ou sentimento de negação do próprio ser. Claro que falamos de correntes no sentido figurativo. Mas essas correntes existem embora poucos a enxerguem.
Às vezes, as correntes são sutis, quase imperceptíveis. Obrigar a pessoa a andar com as mãos para trás, de cabeça baixa, sem motivo, apenas para mostrar quem é que manda, que a pessoa deve apenas obedecer, sem questionar, sem procurar uma lógica, uma explicação para aquilo. Se não cumprir, castigo, muitas vezes velado, escuso, obscuro. Notas, serviços, perseguição... A corrente está lá, se você fizer força, ela vai cumprir com o objetivo de prender e de machucar. A dor é para moldar a submissão irrestrita. Animal não pensa. A vida animal exige poucas ideias.
Depois de domesticado, o homem está pronto para cumprir a missão a qualquer hora do dia ou da noite, sem exigir hora-extra, adicional noturno, auxílio transporte, auxílio periculosidade, equipamentos de proteção... Nada, o homem não exige nada. Apenas cumpre, sem reclamar, sem procurar uma lógica, sem ponderar. Foi domesticado a ser obediente, submisso. Tudo pelo interesse do dono, de seus caprichos, de suas idiossincrasias.
O homem não sabe a força que tem. Se unido com seus pares, ele é invencível. Mas, ao lhe mostrarem algo semelhante a uma corrente, ele logo se resigna. O autofluxo do pensamento lhe traz recordações das dores da domesticação. A corrente está no subconsciente. Ele pensa que não pode que não tem força...
As correntes estão lá, encarcerando-o, mas ele não vê.

Em pleno recesso, os deputados estaduais pernambucanos votam o aumento dos próprios salários



A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) deu um intervalo no recesso parlamentar para instaurar, nesta segunda-feira (12), o período extraordinário de trabalho, onde serão votados quatro projetos, sendo dois da própria casa e dois do Ministério Público. Entre eles, está o reajuste do salário dos deputados estaduais em 26,34%.
A reunião começou por volta das 15h20 e terminou em menos de dez minutos, com a leitura do edital de convocação da sessão extraordinária e presença de 34 dos 49 deputados. O projeto de lei que versa sobre o reajuste do subsídio deve ser apreciado na manhã desta terça-feira (13) pela Comissão de Justiça. À tarde, deve passar em primeira votação. A expectativa do presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchoa (PDT), é que a segunda votação e redação final sejam realizadas na quarta (14).
No fim do ano passado, a Câmara elevou o subsídio de um deputado federal para R$ 33,7 mil. Como a Constituição estabelece que os deputados estaduais podem ganhar até 25% do que é pago pela Câmara, há sempre um reajuste na Alepe no início de cada legislatura, que inicia em 2 de fevereiro.
Atualmente, um deputado estadual recebe R$ 20 mil, fora os benefícios. Com o reajuste, o subsídio passa para cerca de R$ 25 mil. "A Constituição Federal nos obriga a reajustar o subsídio dos próximos deputados na legislatura presente. O reajuste de 26,34% vai vigorar nos próximos quatro anos [tempo que dura uma legislatura], congelados. Somente o salário mínimo foi reajustado, nos últimos 48 meses, mais de 42%", afirmou Uchoa.
O presidente ainda explicou sobre os outros três projetos que serão analisados durante a sessão extraordinária. "Um altera o regimento interno [da Alepe] na questão dos suplentes da mesa diretora, que não têm nenhuma remuneração. Outro é sobre a cessão de um imóvel para o uso da Defensoria Pública em Petrolina [Sertão] e o último é uma pequena reforma administrativa dentro do Ministério Público, sem criar cargo ou onerar, apenas modificando as competências", explicou.
Uchoa acrescentou que o Estado ainda pode enviar à Alepe o projeto da reforma administrativa. No último dia 15 de dezembro, o governador Paulo Câmara (PSB), divulgou que o número de secretarias permaneceria o mesmo da gestão passada: 22. No entanto, anunciou cortes e incorporações para criação de novas pastas.
Fonte-globo