quinta-feira, 13 de agosto de 2009

No Reino Unido, o público é espionado 1,5 mil vezes ao dia

LONDRES (Reuters) - A polícia, órgãos legislativos e serviços de inteligência apresentaram mais de 500 mil pedidos de acesso a registros privados de email e telefone no Reino Unido, em 2008, de acordo com um relatório anual sobre vigilância.

Os números, compilados pelo comissário de Interceptação de Comunicações, Paul Kennedy, apontam que cerca de 1,5 mil pedidos de vigilância são apresentados a cada dia no Reino Unido.

Trata-se do equivalente anualizado a espionar um de cada 78 britânicos. Os números incluem 1,5 mil pedidos aprovados submetidos por órgãos legislativos locais.

Cada pedido permite que órgãos públicos ganhem acesso a dados, entre os quais registros telefônicos e de tráfego de email e mensagens de texto, mas não ao conteúdo das comunicações ou mensagens.

"Isso não permite ver o conteúdo da mensagem ou comunicação. As informações se referem a quem, quando e onde, com o elemento tempo assumindo papel essencial na vigilância dirigida", disse um porta-voz do governo.

Ainda que o total tenha caído ligeiramente ante o ano anterior, está mais de 40 por cento acima do número de pedidos registrados dois anos antes.

O porta-voz do partido Liberal Democrata para assuntos domésticos, Chris Huhne, declarou que os números "são quase inacreditáveis", e alertou que o Reino Unido pode ter "caminhado como sonâmbulo em direção a um Estado policial".

"Muitas dessas operações executadas pela polícia e serviços de segurança são necessárias, mas o número intimida", afirmou. "Que o Estado esteja espionando meio milhão de pessoas ao ano não pode ser uma resposta justificada aos problemas que enfrentamos no país", afirmou Huhne.

"O governo parece se esquecer de que "1984", de George Orwell, tinha por objetivo servir de alerta e não modelo", acrescentou.

Os Liberais Democratas acreditam que apenas um magistrado deveria ter o direito de aprovar pedidos de vigilância, sob a Lei de Regulamentação dos Poderes de Investigação.

A lei foi introduzida em 2000, para adequar o regime do país às mudanças tecnológicas, e alterada em 2003 para facilitar o combate a crimes sérios, entre os quais o terrorismo.
Fonte - bol