Após
as últimas fugas de detentos do Complexo Prisional do Curado, no bairro do
Sancho, Zona Oeste do Recife, o governo do Estado vai reforçar o 1,5 quilômetro
de muro que cerca as três unidades prisional. A construção ganhará mais 15
centímetros de espessura, em concreto armado, inclusive embaixo da terra, para
evitar escavações como a que proporcionou a saída de três presos, na manhã do
último domingo. A um custo de R$ 1,7 milhão, recursos do Estado, as obras devem
começar até o final do mês. De janeiro a junho deste ano, o sistema prisional
registrou 46 fugas, com 20 recapturas. O anúncio do reforço no muro do complexo
foi feito ontem pelo secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro
Eurico.
A
secretaria também promete agilizar a colocação dos alambrados em toda a área
murada, para dificultar os arremessos de drogas, armas e celulares para dentro
das unidades. O serviço foi iniciado em maio, mas em vários trechos é possível
ver redes soltas e lugares onde apenas a estrutura metálica está montada.
A
reação do poder público vem após as fugas e tentativas de evasão se tornarem
cada mais frequentes. No último dia 9 de maio, uma bomba foi detonada na parte
externa do muro do Presídio ASP Marcelo Francisco de Araújo (Pamfa), um dos
três que compõem o Complexo do Curado. No dia 26 de julho, dois detentos
fugiram do Presídio Frei Damião de Bozzano (Pfdb). No último domingo, foi a vez
de outros três escaparem da mesma unidade, por um buraco cavado próximo ao
muro. “As tentativas de fuga são cada vez mais comuns. No último sábado, um
detento subiu o muro do Pamfa em uma tereza (corda feita de lençóis), mas caiu
de volta”, conta um agente penitenciário, em reserva.
A
população do entorno do complexo é uma mistura de apreensão e resignação com as
fugas. “A gente vê a toda hora, fica até acostumado. Mas é sempre preocupante
ver presos foragidos circulando pelo bairro”, comenta uma moradora da Rua
Bulitreau Fragoso, conhecida como Rua L, ou Rua do Gol. Motivo: as pessoas que
arremessam armas, celulares e drogas para os detentos conseguem fazê-lo por
cima do alambrado que aumenta em seis metros o muro que já tem outros seis.
Quando conseguem, gritam gol.
De
acordo com outro agente, que também falou sob anonimato, o buraco no muro do
Presídio Frei Damião foi aberto na área conhecida como “Come Quieto”, onde os
presos mantêm relações sexuais com as parceiras. “Eles aproveitaram a
privacidade para cavar. O problema é permitir um lugar como esse ao lado de um
muro”, conta.
O
secretário Pedro Eurico garante que a fuga do último domingo está sendo
investigada. “É evidente que não se cava um buraco em duas horas, ou seja,
houve falha na segurança. Vamos investigar onde ela ocorreu e cobrar
responsabilidades”.
Fonte-jc
Fonte-jc
Nenhum comentário:
Postar um comentário