domingo, 1 de agosto de 2010

Oficiais bombeiros são indiciados por crime de roubo

Após a denúncia, o escândalo. Após o inquérito policial, a constatação da vergonha. Os três oficiais do Corpo de Bombeiros presos sob acusação de roubar donativos para desabrigados das enchentes em Alagoas foram indiciados pelos crimes de peculato e prevaricação. O resultado da investigação foi antecipado em primeira mão para a Gazeta, na manhã de sexta-feira, pela delegada Ana Luiza Nogueira, designada especialmente para o caso.

“O inquérito está praticamente concluído. As desculpas dadas pelos acusados não nos convenceram, eles não deram explicações plausíveis”, resumiu a delegada que atua na Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic) da Polícia Civil. Se condenados, o coronel Josivaldo Feliciano de Almeida, o capitão Renivaldo de Lima Barbosa e o tenente Ederaldo dos Santos Gomes, podem pegar até 13 anos de cadeia e ser expulsos da corporação.

Delegada apura mais envolvidos no caso

Muito mais do que dez caixas de sandálias deve ter sido roubado das doações para desabrigados. Bem mais do que três oficiais do Corpo de Bombeiros podem estar envolvidos. Ninguém garante que o galpão do Barro Duro era o único desfalcado por salafrários. O depósito cedido pela Secretaria Estadual de Educação passou dez dias à disposição da Defesa Civil, recebendo donativos sem qualquer controle ou fiscalização dos oficiais responsáveis pela estocagem.

A assessoria de comunicação da secretaria informa que o local estava liberado, através de documentação oficial, a partir do dia 3 de julho. Dez dias depois, o armazém ainda não constava na lista oficial de depósitos da Defesa Civil para receber os donativos da chamada Operação Inverno. Quando os três oficiais pegaram as sandálias, no dia 13, os bombeiros designados para organizar os donativos alegam que não sabiam da existência daquele galpão.

Defesa diz que oficiais são inocentes

A defesa dos oficiais indiciados apresenta uma versão bem diferente dos fatos relatados pela polícia. Segundo os advogados, os três militares teriam ido ao galpão exatamente para checar uma denúncia de desvio de donativos. “Ao chegar, encontraram algumas caixas de sandálias abertas e acharam por bem colocar uma parte dos produtos num carro, um Fiat Uno que pertence ao Corpo de Bombeiros”, alega o advogado Anaxímenes, destacando que o coronel, naquele momento, era o responsável pela Operação Inverno e pelo próprio quartel.

“Quando eles já estavam próximo ao quartel, na volta, souberam que um portão do galpão tinha caído por cima de alguém, que uma viatura de emergência tinha sido chamada, e decidiram voltar. Ao chegarem lá receberam voz de prisão do major Estevão e todos foram ouvidos, no quartel, em termos de declaração”, continua o advogado.

Polícia também vai investigar ameaças

O trabalho da polícia não para com o indiciamento dos três oficiais. Para a delegada da Deic, há uma denúncia ainda mais grave que o desvio de donativos que precisa ser investigada. “O major que fez a denúncia reitera que se sente ameaçado, que houve coação e tentaram influenciá-lo a mudar de opinião, a desistir de apontar o problema antes de o fato vir à tona. Isto requer uma nova investigação”.

A delegada lembra que não houve prisão em flagrante, durante os episódios registrados no dia 13, e o fato só chegou ao conhecimento da sociedade depois que o major Estevão, subcoordenador do Quartel Geral, procurou o Ministério Público no dia 16. Os militares só foram presos porque a Polícia Civil requisitou a prisão preventiva, determinada pelo juiz da 15ª Vara no dia 22.
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