quinta-feira, 17 de junho de 2010

Greve - No terreno da dúvida

Numa greve, como os interesses que movem cada parte trilham caminhos opostos, é bem difícil, no jogo de esconde-esconde que se estabelece, descobrir com quem está a verdade. Enquanto agentes penitenciários ligavam para a redação informando que, ontem, dia de visita das mulheres aos detentos do Presídio de Igarassu, a revista foi dispensada por ordem de "um coronel" à diretoria do estabelecimento, o secretário de Ressocialização, Humberto Viana, contra-atacava: teria apenas sido menos rigorosa.Com a paralisação dos agentes e a redução do efetivo em atividade, Vianna diz que pediu auxílio à PM para ajudar no trabalho e que ele se deu de forma "acelerada", pois quando há atraso os presos ficam excessivamente inquietos e o estopim pode ser aceso de um minuto para outro.

Aos grevistas interessaria mostrar à opinião pública que sem apresentar uma proposta capaz de trazê-los de volta ao trabalho, o governo contribui para deixar o presídio mais exposto à ação dos encarcerados. Já o objetivo da Secretaria de Vianna seria aparentar uma tranquilidade que, em casos assim, fica bem longe de ser sentida. Este, aliás, é um terreno tão propício a dúvidas que o juiz da 1ª Vara de Execuções Penais, Adeildo Nunes, de vez em quando, torpedeia de lá provocações de que o estado não dá resposta nenhuma sobre o número de processos abertos pela Seres para investigar e punir agentes penitenciários acusados de facilitar a entrada de celulares nos presídios.

Nesse ponto, a argumentação de Vianna mostra-se visivelmente frágil, inconsistente. "De cabeça, que eu me lembre agora, há nove abertos, mas não dizem respeito exclusivamente a celulares". afirma ele. Contando que a cada revista não é pequena a quantidade de aparelhos descoberta com os presos, os torpedos do juiz Nunes contra a falta de transparência nesse campo não são disparados em direção a um alvo imaginário. Ele existe.
Fonte - DP

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