domingo, 10 de maio de 2009

Calma em prisões indicaria domínio do PCC

Na tarde da sexta-feira 12 de maio de 2006, detentos das casas de custódia de Avaré e Iaras, no interior de São Paulo, se rebelaram. Em seguida, dezenas de penitenciárias paulistas seguiram o movimento. No domingo, 74 presídios viam seus internos assumirem o controle.

Era a segunda vez que a organização denominada Primeiro Comando da Capital (PCC) promovia um amotinamento em massa: cinco anos antes, em fevereiro de 2001, mais de 20 casas se rebelaram, tornando o grupo mundialmente conhecido e desmoralizando o governo paulista, que negava sua existência. Mas foi a megarrebelião de 2006 que virou um marco.

As rebeliões nas penitenciárias acompanharam uma onda de ataques que matou mais de cem de pessoas, levou terror às ruas e que também completa três anos neste mês. Segundo o site da Secretaria estadual da Segurança Pública, ao menos 31 policiais morreram, sendo 24 militares e 7 civis. O sindicato afirma que pelo menos 16 agentes penitenciários perderam a vida na ocasião.

O momento que a facção criminosa hoje atravessa é outro. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), após 91 rebeliões em 2006, o ano seguinte não registrou grandes amotinamentos. Em 2008, foram três as rebeliões e, até o dia 8 de maio deste ano, a pasta ainda não havia registrado distúrbios de grande porte nas penitenciárias.

Se para o governo a paz é sinônimo de PCC sob controle, para especialistas, a aparente calma nos presídios indica um domínio absoluto por parte da facção dentro do sistema penitenciário. Consolidado, o PCC prefere a discrição.

"A calma não significa que há paz, mas que existe um domínio inconteste", avalia o promotor Márcio Cristino, um dos primeiros a denunciar membros do grupo.

A opinião corrobora a tese de estudiosos como a doutoranda em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) Camila Nunes Dias, que estima em mais de 90% as cadeias estaduais sob o domínio da quadrilha. "A conjuntura atual permitiu que os atos de violência cessassem", disse.

Os eventuais conflitos entre integrantes não é mais necessariamente resolvido pela violência extrema. Fora das prisões, os tribunais da facção, chamados de "debates", condenam à morte apenas em último caso. Extremamente profissionalizada, a organização não permite que seus negócios, em especial a venda de drogas, sejam perturbados por homicídios. "A negociação parece mais freqüente que a conquista na solução de impasses", diz outro doutorando em Sociologia pela USP, Daniel Hirata.
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