Parece uma piada de mau gosto!
Morreu, faleceu, partiu, desencarnou... e tantos outros verbos utilizamos quando vamos dizer que nosso colega Adilson Guedes não esta mais entre nós. Seja lá como diremos isso, o sentimento é um só. Tristeza!
Embora saibamos que a morte é inevitável, que cedo ou tarde ela chegará a todos nós, morrer é ridículo, como já disse Pedro Bial.
Fico imaginando qual seria os planos de Guedes nos minutos ou horas que antecederam ao infarto que o retirou do convívio dos seus familiares e amigos. O que será que ele tinha planejado em fazer junto com sua esposa e filhos na noite de São João? O que imaginava fazer quando chegasse hoje ao trabalho? O que teria combinado com os colegas: Mudar alguns detentos de cela? Fazer transferências? Elaborar ou responder os ofícios da SERES? E seus planos para daqui a alguns anos quando se aposentasse?
Infelizmente, nunca saberemos o resultado de tudo o que ele havia planejado. Mas todos nós, Agentes de Segurança Penitenciários do Estado de Pernambuco, sabemos que perdemos um grande colega, um homem trabalhador, dedicado e comprometido com trabalho
O trabalho no interior do cárcere contribui diretamente para o aparecimento de doenças físico e psicossomático. O stress, a insegurança, a carga excessiva de trabalho, a falta de atividade física, as noites mal dormidas, as discretas pressões psicológicas por parte dos presos e as pressões mais sutis do aparelho estatal ao qual estamos subordinados, são fatores que contribui para o adoecimento da nossa categoria. Guedes é o segundo Agente Penitenciário que morre em decorrência de infarto nos últimos dois anos. Lembrando ainda de Marcelo Francisco de Araújo falecido em 1997, aos 33 anos.
Segundo o Profº Arlindo da Silva Lourenço, Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo, autor da Tese “O Espaço de vida do Agente de Segurança Penitenciária no cárcere: entre gaiolas, ratoeiras e aquários”, em 1998 foi feito pelo RH da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (RB-SAP|SP), um levantamento nos atestados de óbito dos mais de trinta agentes penitenciários que faleceram naquele ano. O estudo revelou que os Agentes mortos tinham em média 45 anos. O mesmo levantamento foi feito em 1999 quando 29 ASPs morreram e em 2000 mais 36 ASPs . Segundo o autor, além das mortes causadas por traumatismo, acidentes de transito e ferimentos causados por facas e armas de fogo, o infarto do miocárdio foi um dos grandes causadores dessas mortes.
O infarto é causado pela obstrução das veias do coração. Sabemos que alguns fatores facilitam esta obstrução: histórico familiar de doença coronariana; colesterol e triglicerídeos elevados; hipertensão arterial; obesidade; diabetes; fumo; estresse; sedentarismo.
Obviamente, o conjunto desses fatores aliado às condições de trabalho dos Agentes de Segurança Penitenciária já citados, resultaram em mais uma perda humana na nossa categoria.
Aglany, pertinente comentário a respeito da morte de Adilson. Realmente suas observações fazem jus as inúmeras causas que seivam as vidas dos profissionais da área. Fiquei muito triste ao ser avisada, por um amigo, horas depois, da morte de ADILSON. Fizemos faculdade juntos e eu tinha um carinho muito grande pelo colega. infelizmente a morte só quer uma desculpa, mas não estamos preparados para perder aqueles que amamos, admiramos e ou nos espelhamos.
ResponderExcluir"Que Deus conforte sua esposa , seus parentes e amigos mais próximos."
Quando Deus guarda seus filhos temos que nós conformar , apenas orar e agradecer a oportunidade que Ele nos Deus de ter a chance de conviver em algum momento da nossa vida com o ser humano especial e iluminado chamado Adilson Guedes.
C.Sampaio