terça-feira, 10 de agosto de 2010

Luminol nacional

A substância reage ao contato com sangue e pode ajudar em investigações criminais, além de servir para aplicações em áreas como a saúde


Quem acompanha os seriados policiais, nos quais peritos forenses borrifam um produto capaz de revelar a presença de sangue oculto em cenas de crime aparentemente limpas, certamente já ouviu falar em luminol. Recentemente, o produto também foi personagem no noticiário policial em casos de grande repercussão, como o da alegada morte de Eliza Samudio, amante do ex-goleiro do Flamengo Bruno. Superfícies como tapetes, interiores de automóveis, tecidos ou piso cerâmicos, mesmo depois de lavadas, não impedem a ação do luminol, substância capaz de reagir a minúsculas partículas de sangue invisíveis a olho nu.

No Brasil, pesquisadores do Laboratório de Síntese e Análise de Produtos Estratégicos (Lasape) do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolveram um produto 100% nacional, que apresenta vantagens sobre o concorrente importado. O reagente brasileiro tem luminescência três vezes maior, não é tóxico e é capaz de detectar partículas de sangue na proporção que pode chegar a uma parte por milhão. Sua eficiência foi comprovada em testes na unidade CSI (Crime Scene Investigation) da polícia de Miami, nos Estados Unidos. O produto, lançado no mercado há menos de um mês, com o nome comercial de Alfa-Luminox, é fabricado pela empresa Alfa Rio Química e já está em uso nas polícias de Minas Gerais, do Rio Grande do Norte, de São Paulo e do Paraná, e custa 50% menos que o luminol importado.

O produto, um composto em pó feito de nitrogênio, hidrogênio, oxigênio e carbono misturado a um líquido contendo um perióxido (água oxigenada, por exemplo) que, em contato com um catalisador, provoca uma reação química concluída com o surgimento de uma luz, normalmente azulada. No caso do sangue, o catalisador é o ferro contido na hemoglobina, proteína do sangue responsável pelo transporte do oxigênio no organismo. O fenômeno, chamado quimiluminescência, ocorre porque, durante a reação, as moléculas se quebram e os átomos se reagrupam formando novas moléculas. As moléculas originais dos reagentes têm mais energia que as moléculas resultantes da reação, e a energia excedente é liberada sob a forma de fótons. Os fótons emitidos pela quimiluminescência são o que produzem o brilho azulado do luminol.

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