segunda-feira, 15 de março de 2010

Carteirada

O episódio ocorrido no Centerplex, recém-inaugurado no shopping Pátio Maceió e no qual quatro policiais que integram o grupamento do Tigre da Policia Civil de Alagoas civis tentaram dar uma “carteirada”, para entrar na sala de cinema em uma suposta operação para coibir o tráfico de drogas – negada pelo Ministério Público e reafirmada pela Secretária de Defesa Social - ganhou repercussão nacional, devido a prisão da gerente, Andréia Marques, que impediu a entrada.

Em Alagoas a carteirada também é utilizada por autoridades e políticos, para entrar em shows, estádios de futebol e até cinemas e teatros sem pagar.

O gerente de uma rede de cinemas em Maceió informou que o procedimento adotado para a entrada gratuita de policias nas sessões é praticamente o mesmo utilizado em outros locais.

“Ele tem que estar em serviço e além de apresentar a identificação tem que preencher um formulário informando sobre a presença no local. Não questionamos a entrada quando tudo é feito de forma correta”, destacou.

De acordo com o promotor de eventos Augusto Marques, do Caveira Produções a preocupação com a carteirada é antiga e que já foi encaminhado ao MP, PM e PC ofício informando não só essa prática, mas também o fato dos policiais entrarem armados.

“Muitos problemas com disparos de arma de fogo ocorrem com policias que estão dentro do show, a exemplo de um militar que fazia a segurança do filho de um prefeito que se envolveu em uma confusão. O policial deu três tiros pra cima, deixando as pessoas assustas”, lembrou.

Marques afirmou ainda, que em espaços de festas é praticamente impossível que policiais que não estão de serviço façam algum tipo de investigação. "Eles vão para se divertir e não trabalhar e qualquer reação pode causar um problema, já que na maioria das vezes estão armados, embora seja importante a presença da polícia. Eu estava em Salvador quando soube do que aconteceu no Centerplex e isso deve se discutido com o comando da polícia para haver uma regularização”, destacou.

O promotor de eventos lembrou que a entrada gratuita com a apresentação da identificação é assegurada para os policias civis e federais, mas é praticada também pelos militares.
“Se o militar estiver fardado significa que está de serviço e não haverá problemas quanto a entrada. Isso será aceito pelos promotores de evento, mas outros casos precisam ser avaliados, porque alguns levam parentes para entrar sem pagar”, reforçou.

Apesar do comunicado do Centerplex, negando a criação de cotas para policias entrarem nas sessões, o vice-presidente do Sindpol, Josimar Melo informou que a proposta foi feita pela própria gerente do cinema e que não houve coação.

“Na reunião estavam presentes ela, o advogado da empresa e o chefe de segurança do shopping. Além de garantir a entrada gratuita dos cinco primeiros policiais, asseguraram que em serviço os agentes terão livre acesso”, disse.

“Também haverá um relatório sobre a presença dos policias, que será enviado para a Secretaria de Defesa Social. Não houve hostilização e no momento do acordo agimos com a razão.

Gravamos a conversa e temos como provar, ao contrário de pessoas que ficam divulgando o que não aconteceu”, completou Melo. Porém, a rede de cinemas negou, em comunicado, que teria criado cotas de entrada gratuita para policiais, conforme divulgado pelo Sindpol.

De acordo com o Centerplex, durante a reunião com o sindicato houve intimidação e como medida de segurança, a direção permitirá o livre-acesso de policiais, desde que estejam no desempenho de suas funções.

A direção do cinema reforçou, que desde a inauguração, ficou estabelecido que seria concedida meia-entrada para a categoria, procedimento que já é realizado em todos os Estados e que também se estende à categoria dos professores.

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