Para que as prisões brasileiras sejam
humanizadas, tem-se que valorizar e humanizar não somente os presos, mas também
quem cuida deles. Foi o que ressaltou Deise Benedito, da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, em debate sobre o sistema prisional
promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH)
nesta segunda-feira (2).
"O Agente Penitenciário tem que
ser valorizado à altura do que lhe é cobrado", ressaltou.
Ao comentar a atuação desses
profissionais nos presídios, que estão superlotados, Deise frisou que "não
é possível conceber" que um único Agente cuide de 100 ou 150 pessoas.
Nessas condições, observou, os profissionais não têm como desempenhar sua
função.
A representante do governo no debate
lembrou ainda que, em muitos casos, presos e Agentes Penitenciários convivem em
prisões que são como "pocilgas".
"O preso, o Agente Penitenciário
e o diretor do presídio têm a mesma dignidade. Todos têm que ser valorizados,
pois assim é possível fazer prevalecer os direitos humanos", argumentou.
Deise também reiterou que o sistema
prisional é um modelo esgotado, no qual a pessoa é presa, reincide no crime e
não sai desse círculo vicioso. Por isso, alertou ela, é preciso avaliar quais
são as medidas alternativas em relação à prisão.
"Que modelo de sociedade nós
queremos em relação à repreensão ao ato delitivo criminal?", questionou.
Deise Benedito também questionou a
presunção de que os presos são violentos. Para ela, essas pessoas não agem violentamente
quando são tratadas com respeito e em situação de igualdade, em vez de
subalternidade.
"Visitei presídios em que os
presos são obrigados a colocar as mãos para trás e não podem olhar para seus
chamados superiores", contou.
Outra questão abordada por Deise foi
a influência dos meios de comunicação. Ela afirmou que a Justiça muitas vezes é
pressionada a atender uma demanda midiática. Segundo ela, é comum um caso
ganhar tamanha proporção em jornais e telejornais, que quem faz o julgamento não
é o juiz, mas a mídia.
"Há bons profissionais na mídia.
Mas há maus profissionais que vivem da audiência e incitam à violência. Dizem:
"Tem que bater! Tem que matar". É preciso cuidado com o que se fala e
como se fala.
Fonte-dp
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