"Tem que ajeitar o foco",
diz um preso a um colega que acabara de ligar a câmera do celular em meio a um
grupo de detentos rebelados.
Vencida a discussão técnica, o que se
segue é um documento explícito do horror praticado no complexo de Pedrinhas, em
São Luís, no Maranhão, onde 62 presos foram mortos desde o ano passado.
São dois minutos e 32 segundos em que
os próprios amotinados filmam em detalhes três rivais decapitados. E se
divertem exibindo os corpos –ou que restam deles.
O vídeo, gravado no dia 17 de
dezembro, começa com os presos caminhando por dez segundos dentro da
penitenciária. Para preservar suas identidades, tomam o cuidado de exibir
apenas os pés.
No foco principal, um homem de
chinelos pretos e bermuda branca dá passos apertados, até que no oitavo segundo
da caminhada o chão verde molhado de água se transforma num piso ensopado de
sangue.
Dois segundos adiante, a câmera se
levanta abruptamente e mostra o saldo do motim no CDP (Centro de Detenção
Provisória) de Pedrinhas, um bairro da zona rural da capital maranhense.
Atenção: imagens fortes