Um major da Polícia Militar ameaçou uma mulher com uma arma após se envolver em um acidente de trânsito na Avenida Rio Branco, Bairro do Recife, na noite desta sexta-feira (8). Segundo testemunhas, a vítima estava em um veículo com duas crianças e acabou trancando o major Enéas Cantarelli Júnior, 46 anos, que trafegava em uma moto. Irritado, o policial sacou o revólver para impedir que ela deixasse o local. O mesmo PM já é investigado por ter supostamente atirado dentro da boate Downtown, em maio deste ano.
O acidente ocorreu a poucos metros da Delegacia da Rio Branco, pouco depois das 18h, onde vítima e policial foram parar após a confusão. Um agente da delegacia afirmou que o oficial possuía sinais claros de embriaguez e chegou a bater boca com a delegada Marta Virgínia e com policiais civis daquele distrito. Para tentar contornar a situação, o coronel Gilvandir Ferreira, comandante do 16º Batalhão da Polícia Militar, se dirigiu ao local.
Nenhum dos envolvidos falou com a imprensa. A mulher ameaçada chorava muito no momento da chegada dos jornalistas, mas como não prestou queixa, o major acabou liberado. A delegada também não quis dar declarações sobre o caso. Apenas o coronel Gilvandir falou rapidamente com os repórteres e afirmou que as duas partes entraram em um acordo. Além disso, afirmou que não notou nenhum sinal de embriaguez no oficial.
HISTÓRICO - Esta não é a primeira vez que o major Cantarelli se mete em confusão. Em maio, a Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social instaurou procedimento administrativo para investigar o oficial. Na ocasião, Enéas Cantarelli se envolveu em uma briga dentro da boate Downtown. Em seguida, ele saiu do local e voltou armado. O major queria que as luzes fossem acesas e o som desligado para que ele procurasse as pessoas que o teriam agredido. Na confusão, um tiro foi disparado, mas ninguém ficou ferido.
As testemunhas da confusão contaram que o major começou o desentendimento ao usar o celular para fotografar uma mulher comprometida. O acompanhante da mulher teria se irritado e jogado um copo no oficial.
Várias equipes da PM compareceram ao local, mas o major deixou a casa noturna acompanhado por um amigo. Duas horas depois, o oficial foi à Delegacia de Plantão de Santo Amaro e registrou uma queixa por agressão.
No boletim de ocorrência, Enéas Cantarelli relatou que foi atacado por quatro homens dentro da boate. Os desconhecidos teriam atirado copos e garrafas no rosto do militar. Ao chegar à delegacia, o major tinha cortes na face e na boca.
De acordo com o corregedor-auxiliar da Secretaria de Defesa Social, coronel José Siqueira, uma comissão foi instaurada para investigar o caso do disparo na boate. Atualmente, o processo continua em andamento e o militar está à disposição da Polícia Militar para prestar todos os esclarecimentos.
O coronel agregou que, durante o processo, o major fica afastado e impossibilitado de desenvolver suas funções. O coronel, no entanto, afirmou não saber o exato estágio do processo, já que não se encontrava mais na sede da corregedoria.
Enéas Cantarelli já comandou a Companhia Independente de Operações Especiais da PM (Cioe).